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Eh mesmo assustador q no meio de nos, humanos racionais, providos de rebuscadissimas terminações nervosas, incontaveis neuronios, um gesto deste seja considerado heroismo...
Remete-me à noticia recente de uma menininha chinesa, atropelada DUAS vezes com a assistencia de inumeras testemunhas sem q ao menos uma delas tentasse evitar a tragedia.
Vi, horrorizada o episodio (http://www.youtube.com/watch?v=lwPIfBvMtzU) sem acreditar q o dito era real.
Não q me considere um anjo de candura. Como qq pecadora debaixo do sol da liberdade, sou tb capaz de pequenas maldades.
Dormir satisfeita, envolta em deliciosas e acolhedoras cobertas enquanto iguais são torturados pelo frio nas ruas não seria tb um egoismo distraído?
Sim, o frio eh muito charmoso, mas somente qdo se tem um teto s/ a cabeça e uma manta para os pes.
A sobra de arroz no prato q vai para o lixo tb não se classifica como um grande ato de desumanidade?
A torneira aberta desnecessariamente enquanto escovo meus dentes, não eh um rebuscado deboche com quem caminha quilometros para ter um pouco do liquido precioso somente para matar sua sede?
São pequeninos detalhes, e de detalhe em detalhe chegamos à formidavel indiferença com a dificuldade, a dor e a vida alheia.
Afirma um dos Mandamentos: "Não mataras".
Nunca em minha vida empunhei uma arma para atentar contra a vida de outrem, mas convenientemente esqueço q mato sim. Diariamente sou responsavel por mortes lentas.
Mato de sede, de fome, de frio, de abandono e pq não...mato qdo faço fofocas ou cometo distorções para tirar proveito proprio.
Não mato so fisicamente, mato tb no meu coração.
A receita eh ser uma boa e perfeita Samaritana? Utopico, neh? rss
Estamos tão ocupados com nossa propria sobrevivencia q por vzs torna-se impossivel ater-se aos problemas externos.
O segredinho não seria então, fazer o minimo mas com atenção redobrada?
Certa feita meu rebento com então nove anos, perguntou-me, dentro de um supermercado, como eu tratava àqueles q me serviam.
Muito bem, respondi!
"Não, mãe...tratas com desrespeito", foi sua resposta.
"Acabas de descartar um produto q resolvestes nao levar na prateleira errada!"
"Reclamastes outro dia pq não recolhi uma batata q caiu da gondola de legumes, mas agora foste tu a pisar na bola!".
Stop...
Concordei e procuramos os dois o local devido para a devolução.
Parece piegas, neh? Mas não eh.
Eh pequenino. Mas valorizei ao maximo sua capacidade de ter empatia.
Este eh um exercicio paulatino. Acontece lentamente e em infindaveis lições.
Me empenhei tanto para isto, q sua critica ESTAVA magnificamente dentro do script.
Este mesmo guri, hoje ja um adulto, consegue a maxima do "se nao quero pra mim, não serve para os outros tb".
Tem consciencia de sua natureza falha, mas ao menos, tenta acertar.
Se não passa a perna no troco, com certeza não seguirá em frente ao testemunhar uma injustiça.
Desfrutará do planeta, mas com respeito.
Qto à menininha chinesa, teve morte cerebral uma semana apos o atropelamento e veio a obito em outubro de 2011.
Não existem tamanhos na indiferença. Ela tem um so tamanho e formato. O "X" da questão eh q pode entrar em cena em pequenos ou grandes incidentes.
Se la estivesse, eu a socorreria. Não somente por compaixão à sua vida.
Interveria tb por compaixão à mim mesma, q critica a maldade alheia mas não consegue respeitar o esforço arduo de um repositor de supermercado.
BERRAE